Hoje (20 de Abril, 2020) está de volta pelo Viva, canal do Grupo Globo voltado para a nostalgia de novelas, séries e programas antigos da vénus platinada, a novela “Chocolate com Pimenta” escrita por Walcyr Carrasco, direção do incrível e criativo Jorge Fernando. Com o retorno desse grande clássico do autor e também com a, nem tão, recente exibição de “O Cravo e a Rosa” podemos afirmar uma coisa que eu penso que a maioria das pessoas pensam: Walcyr Carrasco brilha no horário das 6 horas.
Essa é aquela clássica novela assinada por Walcyr Carrasco, núcleo caipira de humor, situações muito aquém da realidade, personagens com bordões, humor de carro ou carruagem desgovernada, uma história de vingança, uma mocinha um pouco rebelde e também muito sofredora. Bem, tem todos os ingredientes do autor que estranhamente funcionam em uma novela do horário das seis horas, mas quando ele tenta transportar isso para o horário das 9, por exemplo, não dá muito certo. Sai umas coisas bem duvidosas.
Voltemos a Chocolate com Pimenta.


A novela começa no interior de algum estado que esqueci, onde um coronel está invadindo uma terra e para salvar a vida de sua filha, Ana Francisca, esse homem que esqueci o nome manda a filha fugir. O homem morre, a filha foge e é ajudada por uns amigos da família. Vamos apontar que Mariana Ximenes estava no papel de sua vida em um momento pré Clara de Passione que, particularmente, é uma vilã que eu gosto muito e em vários momentos ela lavou minha alma. Voltando a Chocolate com Pimenta de novo:
Agora vamos para a cidade de Ventura conhecer os demais personagens. Temos apresentações rápidas porque a única história que vai andar nesse capítulo e também no segundo e a trama da Ana Francisca porque, afinal, ela é a grande heroína dessa história. Na cidade a gente conhece ali na banda marcial a Olga, Danilo, Celina e outros personagens que esqueci o nome porque, sei lá, eu devo ter problema de memória muito sério. Nessa cena de apresentação desse elenco jovem também somos apresentados a alguns casais, Danilo e Olga, Celina e Rodrigo Faro antes de ir para a Record perguntar como tá a audiência.
Em seguida somos apresentados ao prefeito e a sua esposa que está procurando pelo seu brinco e, por milagre o encontro bem embaixo do seu nariz. Em seguida conhecemos a Jezebel, personagem da incrível Elizabeth Savalla que eu amo de paixão. Nessa cena ela já solta seu bordão “como eu sofro” e ainda nem começou a sofrer de verdade, mas a gente sabe que no segundo capítulo já vai ter a sua cara em um bolo. Antes mesmo da gente conhecer a personagem da Savalla, somo apresentados aos confeiteiros da fábrica de chocolate, principalmente ao seu Margarido que mais tarde teria que buscar sua sobrinha, Ana Francisca, na estação do trem.
Falando em trem, depois de perder sua casa e a sua família, Ana Francisca é quase expulsa do trem porque seu pato, ou marreco, se soltou da gaiola e fez uma confusão na primeira classe. Como o empregado lá do trem é muito elitista ele quer expulsar a nossa mocinha que não para de sofrer por esse pequeno acidente. Então, temos a abertura maravilhosa e sem intervalo comercial voltamos para conhecer o núcleo caipira.
No núcleo caipira a gente conhece o Timóteo, Márcia, Carmem (personagem da Laura Cardoso) e os porcos que são a paixão do Timóteo que, se fosse uma novela contemporânea, o Walcyr colocaria esse personagem como um vegano estereotipado. Infelizmente a Márcia ainda não soltou seu bordão “sou chique benhê” e nem tão cedo vai dizer que é dona e proprietária de salão de beleza porque ela ainda não tem um.

 
Ah, eu não falei que tá acontecendo uma festa na cidade para entregar a chave a Jezebel por conta da fábrica que gera muitos empregos e o sustento dessa cidade que claramente é baseada em Gramado. Então, isso tá acontecendo e por isso que Olga, Danilo e companhia estão desfilando em uma fanfarra pela cidade. E antes de chegar, ainda mais atrasada do que quando esse núcleo foi apresentado, Jezebel liga para seu irmão Ary Fontoura (não dono de terras, mas dono de uma fábrica) para contar as boas novas, mas ele está mais interessado em saber porque a sua fábrica está fazendo tão pouco dinheiro.
Agora sim voltamos para a festa da cidade, seu Margarido tinha acabado de buscar Ana Francisca na estação do trem e no meio do caminho eles passam pela festa. Nessa cena acontece um humor meio suspense de charrete desgovernada que acaba invadindo a marcha e quem salva o dia é o nosso mocinho, Danilo. Nesse momento toca Além do Arco-Íris que é o “Somente por amor, a gente põe a mão, no fogo da paixão” dessa novela e encerra o capítulo. Em um congelamento icônico que eu não lembrava, muito mais criativo que muitos congelamentos atuais que é o rosto do personagem em uma barra de chocolate que, por sua vez está em uma mesa com um monte de chocolate.

Uma foto desse casalzão
 
E o que podemos concluir com o primeiro capítulo de Chocolate com Pimenta? Na minha opinião podemos dizer que realmente Walcyr Carrasco é um excelente autor de novelas para o horário das seis horas e se elas forem de época. Eu não tiro ele do horário das sete porque gostei de Caras & Bocas e por isso que eu daria a ele uma segunda chance depois de escrever Morde e Assopra.
Você não pode negar que Chocolate com Pimenta é um clássico da década dos anos 2000 com outras novelas do Walcyr, como O Cravo e a Rosa que já citei nesse texto ou até mesmo Alma Gêmea. Se você prefere Maria da Paz levando bolo para o Theo em como ou, então, Clara se vingando tirando um viado do armário e fazendo ele ser feliz porque ele saiu do armário, o que não é uma vingança, desculpe, mas você deve ter um probleminha muito sério. Eu não vou falar que o Walcyr não escreve bem às 23 horas porque Gabriela foi uma boa novela, mas era de época e Verdades Secretas ele não escreveu sozinho. Então…
Com certeza vou acompanhar essa novela porque Walcyr das faixa das 6 horas é o que o povo brasileiro precisa. Sempre e sempre.